sexta-feira, 15 de abril de 2011

Osteologia


O termo Osteologia significa, o estudo dos ossos.
Apesar de sua aparência simples, o osso é um tecido vivo, complexo e dinâmico, formado por um conjunto de tecidos distintos e especializados que contribuem para o seu arranjo final.

Os tecidos que compõe o osso são:

Tecido ósseo
Tecido cartilaginoso
Tecido epitelial
Tecidos formadores de células sanguíneas
Tecido nervoso
Tecido adiposo




O estudo microscópico do tecido ósseo distingue a substância óssea compacta e a substância óssea esponjosa.
Embora os elementos constituintes sejam os mesmos nos dois tipos de substância óssea, eles dispõem-se diferentemente conforme o tipo considerado e o seu aspecto macroscópico também difere.

Na substância óssea compacta, as lamínulas de tecido ósseo encontram-se fortemente unidas umas às outras pelas suas faces, sem que haja espaço livre interposto.
Por esta razão, este tipo é mais denso e duro.

Na substância óssea esponjosa, as lamínulas ósseas, mais irregulares em forma e tamanho, se arranjam de
forma a deixar entre si, espaços ou lacunas que se comunicam umas com as outras e que, a semelhança do canal medular, contém medula.
As lacunas entre as lamínulas ósseas são chamadas de trabéculas ósseas.

Nos ossos longos a diáfise é composta por osso compacto externamente ao canal medular, enquanto as epífises são compostas por osso esponjoso envolto, por uma fina camada de osso compacto.
Nos ossos planos, a substância esponjosa situa-se entre duas camadas de substância compacta.
Nos ossos da CALVÁRIA, a substância esponjosa é chamada de DÍPLOE.

Os ossos curtos são formados por osso esponjoso revestido por osso compacto, como nas epífises dos ossos longos.


PERIÓSTEO


No vivente e no cadáver o osso se encontra sempre revestido por delicada membrana
conjuntiva, com exceção das superfícies articulares.
Esta membrana é denominada PERIÓSTEO e apresenta dois folhetos,um superficial, e outro profundo.
O folheto profundo está em contato direto com a superfície óssea.
A camada profunda é chamada OSTEOGÊNICA pelo fato de suas células se transformarem em células ósseas, que são incorporadas à superfície do osso, promovendo assim o seu espessamento.

Os ossos são altamente vascularizados. As artérias do periósteo penetram no osso, irrigando-o
e distribuindo-se na medula óssea.
Por esta razão, desprovido do seu periósteo o osso deixa de ser nutrido e morre.
Os vasos sanguíneos passam para o interior dos ossos, através dos forames nutrícios, enquanto os nervos apenas os circundam.
FUNÇÕES DO ESQUELETO:


SUSTENTAÇÃO E CONFORMIDADE.
Os ossos funcionam como base estrutural para o corpo, sustentando os tecidos moles e fornecendo pontos de fixação para os tendões da maioria dos músculos esqueléticos.
A forma do corpo está diretamente relacionada com o esqueleto, sem os ossos o corpo humano seria como o corpo de uma larva. A posição ereta seria impossível.


PROTEÇÃO.
O sistema ósseo também protege os órgãos internos dos traumatismos do exterior.
O encéfalo é protegido pelo crânio.
A medula espinal, pela coluna vertebral.
O coração e os pulmões pelo gradil costal, composto por costelas e o osso esterno.
Os órgãos pélvicos são protegidos pelos ossos do quadril, que formam a cavidade pélvica.


PARTICIPAÇÃO NO MOVIMENTO OU ALAVANCAGEM.
O movimento é produzido quando uma tração exercida pelos músculos esqueléticos incide sobre os ossos, no momento de sua contração.
Pelo fato de muitos ossos se articularem e esta união óssea permitir movimentos, o esqueleto desempenha um papel importante na determinação do tipo e da amplitude do movimento que o segmento será capaz de fazer, bem como, a própria anatomia do osso acaba por limitar movimentos indesejáveis.


HOMEOSTASIA MINERAL.
O tecido ósseo armazena vários minerais, especialmente cálcio e fósforo, que contribuem para fortalecer o osso.
O osso também pode liberar minerais na corrente sanguínea. Para manter os balanços minerais críticos e para distribuir minerais para outros órgãos.


HEMATOPOIÉSE.
Produção de células sanguíneas.
No interior de certas partes dos ossos, a medula óssea vermelha produz eritrócitos, leucócitos e plaquetas.


ARMAZENAMENTO DE TRIGLICERÍDEOS.
No recém-nascido, toda a medula óssea é vermelha e está envolvida na hematopoiése.
Entretanto, com o avançar da idade, a produção de células sanguíneas diminui, e a maior parte da medula passa a ser formada por adipócitos. Sendo chamada então, de medula óssea amarela.


CLASSIFICAÇÃO
Os ossos classificam-se quanto à forma em:


Osso Longo.
Exemplo. O fêmur. A tíbia. O úmero. O rádio. A ulna. As falanges.


Osso Curto.
Exemplo. Ossos carpais. Alguns ossos tarsais. A patela.
Osso Plano. (laminar)
Exemplo. Alguns ossos do crânio.


Osso Irregular.
Exemplo. as vértebras. Alguns ossos da face e do crânio.

Adjetivando, essas quatro classificações principais, existem outras duas:

Osso pneumático.

São ossos que contêm cavidades cheias de ar. São encontrados apenas no Crânio e na face.
Exemplo. Frontal. Osso plano e pneumático.
Maxila. Etmóide. E temporal. Ossos irregulares e pneumáticos.


Osso sesamóide.
São ossos que se formam entre articulações, como os ossos suturais do crânio e entre tendões e ligamentos como a patela, cuja principal função é proteger a articulação do joelho.
A patela é o maior osso sesamóide do corpo humano. É considerado um osso curto sesamóide.

Algumas exceções, como as costelas, se classificam apenas, como ossos alongados.


Em todo osso longo, o corpo, geralmente cilíndrico, recebe o nome de diáfise, e as extremidades, recebem o nome de epífises.
A diáfise é ôca.
E seu interior, chamado de canal medular, é ocupado pela medula óssea.
A medula óssea é Vermelha nas crianças e jovens. E com o passar dos anos, vai sendo substituída por tecido adiposo, sendo chamada então de Medula Óssea Amarela.
Também na epífise, há um grande número de cavidades, formadas pelo entrecruzamento das trabéculas ósseas. Essas cavidades também contêm a medula vermelha. Formadora de células sanguíneas.



O ESQUELETO HUMANO


Oficialmente, o esqueleto humano é formado por 206 ossos, que podem ser classificados quanto à localização em:

Esqueleto Axial e Esqueleto Apendicular.


O ESQUELETO AXIAL, é formado por:

Ossos do Crânio e da face,
Ossos da coluna vertebral, composta pelas vértebras, sacro e cóccix.
Costelas e osso Esterno.

O Crânio ou neurocrânio, é formado por quatro ossos medianos. E dois ossos bilaterais.
São ossos medianos:
Osso frontal.
Osso Etmóide.
Osso Esfenóide.
Osso Occipital.


São ossos bilaterais:
Ossos Parietais.
Ossos Temporais.

Totalizando, assim, oito grandes ossos.
Além desses oito ossos, há três ossículos auditórios, bilaterais, alojados na orelha média:

Martelo
Bigorna
e Estribo.

E também alguns ossos extranumerários. Que no caso do crânio, são chamados de ossos suturais. Pois, formam-se entre as suturas, que são articulações fibrosas entre os ossos do crânio.
A face ou viscerocrânio é formada por seis ossos bilaterais e dois ossos medianos.
São bilaterais, os ossos:
Maxila.
Zigomático.
Nasal.
Lacrimal.
Concha nasal inferior.
Palatino.

São medianos, os ossos:
Vômer
e a Mandíbula, único osso móvel da cabeça.

Anexo entre as vértebras cervicais e a mandíbula está o osso hióide, o osso da deglutição.
Único osso que não se articula com o esqueleto. Está fixado apenas por músculos e ligamentos.

Em continuação ao crânio está a coluna vertebral que é formada pelas vértebras cervicais, torácicas, lombares e pelos ossos Sacro e cóccix.
As vértebras são uma série de anéis sobrepostos, sobretudo de maneira que o orifício central de cada uma corresponda com o do superior e o do inferior.
De tal maneira que no centro da coluna vertebral existe um canal. no qual está a medula espinal, órgão nervoso de fundamental importância.
A articulação que se interpõe entre uma vértebra e a vértebra seguinte permite a mobilidade de toda a coluna vertebral, garantindo a esta, a máxima resistência aos traumas.

Entre uma vértebra e outra existem os discos intervertebrais. Articulações que servem para aumentar a elasticidade do conjunto e atenuar os efeitos de eventuais pressões.

As vértebras são em número de 24* e não são todas iguais.
7 são cervicais.
A primeira se chama Atlas.
A segunda se chama Áxis.
E a sétima é denominada vértebra proeminente.
Sendo estas 3, as únicas vértebras com nomes próprios.

Em continuação das cervicais estão 12 vértebras torácicas. Que se continuam através das costelas e se unem ao osso esterno. Fechando a caixa torácica mediante as cartilagens costais, e protegendo os órgãos contidos no tórax.
A coluna vertebral continua com as 5 vértebras lombares que têm maior tamanho porque devem ser mais resistentes para realizar a sustentação do tronco.

*A estas, seguem-se outras 5 vértebras soldadas entre si, que formam o osso sacro e, por último, as 3 ou 4 vértebras rudimentares, quase sempre soldadas entre si, que compõe o osso cóccix.
Alguns autores contabilizam também as vértebras do sacro e do cóccix, situação em que teremos, então, 33 vértebras na coluna vertebral.

As vértebras são geralmente referidas como:

Cervicais.
Da C1 até a C7. Sendo a C1 chamada de atlas. A C2 chamada de áxis.
e a C7 chamada de vértebra proeminente.

Torácicas. Da T1 até a T 12.

Lombares. Da L1 até a L5.

Sacrais. Da S1 até a S5.

Coccígeas. Da Co1 até a Co4.

As costelas, classificadas como ossos alongados, são ossos bilaterais, geralmente, em número de doze pares:

Sete pares são denominadas costelas verdadeiras.
e Cinco pares são costelas falsas.
São chamadas de costelas falsas pelo fato de não se articularem,diretamente, com o osso esterno.
Três pares destas costelas (falsas) são unidas ao esterno através da cartilagem costal.e os Dois últimos pares são chamados de costelas flutuantes, pelo fato de terem uma extremidade livre (anterior ou ventral), sem ligação com o osso esterno ou com a cartilagem costal.


ESQUELETO APENDICULAR


Os ossos dos membros superiores começam com o ombro, formado pelo Cíngulo do membro superior,
que é composto pela Escápula, osso de forma triangular, classificado como osso plano e pela Clavícula, osso alongado e curvado, situado anteriormente à escápula (osso plano).

A articulação do ombro é bastante móvel, o que permite mover o braço em quase todas as direções.
Esta articulação junto com a do quadril é uma das mais móveis e importantes do corpo humano.

O osso do braço é o Úmero, osso longo e robusto;
O antebraço é formado pelos ossos longos. Rádio e Ulna.
O Rádio tem a cabeça de forma circular, lembrando um botão redondo, como os dos aparelhos radiofônicos antigos.
A Ulna  tem o formato de uma chave de boca ou, ainda, a forma da letra U em sua epífise proximal. A cabeça do rádio é proximal enquanto a da ulna é distal.

Com os dois ossos do antebraço (rádio e ulna), se articula na sua parte inferior a mão, que é formada proximalmente por Oito Ossos carpais. São os que formam o Carpo (punho):

Fileira proximal: Escafóide - Semilunar - Piramidal - Pisiforme.
Fileira distal: Trapézio - Trapezóide - Capitato - Hamato.

Cinco ossos metacarpais. Região conhecida como Metacarpo e que corresponde à superfície dorso-palmar da mão. E são denominados:

I - (primeiro) metacarpal.
II - (segundo) metacarpal.
III - (terceiro) metacarpal.
IV - (quarto) metacarpal.
V - (quinto) metacarpal.

E, finalmente, Catorze ossos formam os dedos da mão. São conhecidos como falanges:

Proximais. médias e distais.
O polegar tem apenas duas falanges, a proximal e a distal.

Totalizando, assim, 27 ossos componentes da mão humana completa.Excluindo-se os ossos extranumerários, denominados Intratendíneos.

Os membros inferiores estão unidos ao tronco por meio do Cíngulo do membro inferior.
Formado pelos ossos do quadril, fixados pelo osso sacro.
Antes dos quinze anos de idade, o osso do quadril é formado por de três ossos:
Ílio.
Ísquio
Púbis.
Após essa idade, os três ossos mencionados fundem-se formando o Osso do Quadril  propriamente dito.
O osso do quadril articula-se com o fêmur, osso da coxa, o mais longo e  forte de todo o corpo.

Na sua parte inferior o fêmur se une à tíbia (longo)e esta, à fíbula (longo), que são os dois ossos da perna.
Esta união tem lugar na articulação do joelho, do qual toma parte, também, o
osso patela (curto sesamóide).

Por último, os ossos da perna se articulam com os do pé.
O pé é formado pelos Ossos tarsais:

Tálus.
Calcâneo.
Navicular.
Cubóide.
Cuneiformes: lateral, intermédio e medial.

Além dos ossos metatarsais(ossos longos):

I - (primeiro) metatarsal.
II - (segundo) metatarsal.
III - (terceiro) metatarsal.
IV - (quarto) metatarsal.
V - (quinto) metatarsal.

E das Falanges (ossos longos):

Proximal, média e distal.
Que formam os dedos do pé.
Exceto no hálux, (o dedão do pé), onde há somente as falanges proximal e distal.

Totalizando assim, 26 ossos que compoem o pé humano completo. Excluindo-se os ossos extranumerários, denominados Intratendíneos.



quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Técnico de Anatomia


Os técnicos de anatomia patológica, humana, citológica e tanatológica são profissionais de saúde cujas actividades principais consistem em avaliar, planear e processar amostras de tecidos e de células isoladas, colhidas em organismos vivos e mortos, para a sua observação óptica ou electrónica, a nível macroscópico e microscópico. O seu trabalho visa, sobretudo, o diagnóstico e o prognóstico de patologias na espécie humana, destacando-se como suas principais áreas de intervenção a histologia e a citologia

Preparar  cadáveres  e peças  anatômicas  humanas  e de animais  para estudos  e pesquisas,
bem como para entrega de cadáveres humanos a familiares e ou órgãos competentes.
Descrição detalhada das tarefas que compõem a Função

1.  Preparar  substâncias  empregadas  nas  técnicas  de  preparação  e  conservação  dos
cadáveres.
2.  Preparar  cadáveres  e  peças  anatômicas  para  exposições,  estudos,  pesquisas  e
exames. 
3.  Formalizar, embalsamar e  reconstituir cadáveres e peças anatômicas humanas e de
animais.
4.  Assessorar docentes e alunos em aulas práticas.
5.  Preparar cadáveres humanos para entrega a familiares e/ou a órgãos competentes.
6.  Manter os cadáveres em câmaras frias e ou tanques especiais.
7.  Supervisionar as atividades do setor.
8.  Obedecer à legislação específica no que se refere ao trato de cadáveres.
9.  Trabalhar segundo normas de segurança, saúde, higiene e preservação ambiental.
10. Zelar pela manutenção,  limpeza, conservação, guarda e controle de  todo o material,
aparelhos, equipamentos e de seu local de trabalho.
11. Participar de programa de treinamento, quando convocado.
12. Executar  tarefas  pertinentes  à  área  de  atuação,  utilizando-se  de  equipamentos  e
programas de informática.
13. Executar outras tarefas compatíveis com as exigências para o exercício da função. 
Competências pessoais para a Função
1.  Demonstrar habilidade manual
2.  Iniciativa
3.  Demonstrar versatilidade
4.  Coragem
5.  Equilíbrio emocional
6.  Senso de observação
7.  Respeito com o cadáver
8.  Paciência  
Requisitos para ingresso
1.  Existência de vaga no Cargo e na Classe.
2.  Aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos.
3.  Inspeção e avaliação médica de caráter eliminatório.
4.  Podem ser solicitadas outras exigências vinculadas ao exercício do cargo/função.
Para a concretização deste estudo, estes técnicos seguem uma metodologia muito específica.
A maioria dos profissionais trabalha no sector público, em laboratórios de investigação criminal, institutos de patologia e investigação, laboratórios de anatomia animal, estabelecimentos de ensino politécnico e universitário e, pontualmente, centros de saúde. No sector privado, trabalham em laboratórios que realizam análises de anatomia-patológica, quer por conta de outrem, quer por conta própria (sempre sob direcção técnica de um médico anatomo-patologista responsavel pelo setor ).
A recente abertura de várias escolas da area de saúde veio provocar um aumento do número de licenciados, levando  a oferta deste profissional: apesar de esta ser uma profissão em constante evolução técnico-científica, com novas áreas de intervenção e com uma afirmação positiva no mercado de trabalho, o excesso de oferta de formação é uma realidade e aumenta a competição entre as instituições de ensino, que muitas vezes sente a falta deste profissional.Ou seja, uma mão de obra especializada na preparação e dissecação de peças anatomicas, um cargo por muitos sitados em extinsão.
Para se exercer esta profissão, é necessário ter um curso em Anatomia Patológica, Citológica e Tanatológica, e dissecação, fomalização, anatomia por imagem. Regra geral, esta formação compreende aulas teóricas, teórico-práticas, práticas e períodos de estágio. No seu início, integra  disciplinas gerais como anatomia, fisiologia, anatomia patológica (o estudo da doença), bioquímica e biofísica. À medida que o curso prossegue, aumentam o número de disciplinas especificamente relacionadas com esta profissão: a nível científico, histologia, imunologia, genética/biologia molecular, citologia e tanatologia médica e forense; e a nível técnico e processual, métodos e técnicas histoquímicas e citológicas, técnicas laboratoriais e metodologias de investigação. Além disso, é habitual incluir disciplinas complementares, tais como sociologia, ética ou deontologia, e ao final apresentação de uma aula publica, e apresentação de artigo cientifico, a comunidade cientifica.
A evolução profissional destes técnicos depende do tipo de entidade para a qual trabalham. Os que trabalham nos serviços públicos de saúde estão integrados na carreira de Técnico de Diagnóstico e Terapêutica, progredindo de acordo com o que está legalmente estipulado (Técnico de 2.ª Classe, Técnico de 1.ª Classe, etc.). Os critérios considerados para esta evolução, dependendo da categoria em questão, incluem número de anos e qualidade do serviço prestado, avaliação curricular e prestação de provas públicas. A progressão na carreira implica competências acrescidas, por exemplo, no âmbito da gestão dos recursos humanos e materiais, da coordenação e da avaliação das necessidades de um serviço hospitalar ou até da investigação. No decorrer da carreira, podem ocupar cargos de direcção de serviço ou de departamento. Caso exerçam funções de docência ou investigação em estabelecimentos públicos, evoluem, grosso modo, de acordo com os critérios definidos para a generalidade dos funcionários públicos, ou seja, com base no mérito evidenciado, no tempo mínimo de serviço e na existência de vagas
As condições físicas de trabalho são variáveis, dependendo da qualidade ambiental e da sofisticação tecnológica dos estabelecimentos onde trabalham. Os laboratórios em que desenvolvem a sua actividade são constituídos normalmente por espaços equipados com os aparelhos necessários para a realização dos diversos exames (microscópios ópticos, electrónicos e de fluorescência, micrótomos, câmaras diversas, etc.) e com condições que permitem cumprir as normas mínimas de segurança, higiene e saúde, estipuladas legalmente.

Tal como a maioria dos profissionais de saúde, estes técnicos estão expostos a algumas situações de risco, uma vez que lidam directamente com tecidos que poderão estar infectados (com tuberculose, HIV, viroses, etc.) e utilizam regularmente produtos irritantes, inflamáveis, tóxicos e/ou cancerígenos. Devem ter, por isso, uma preocupação constante com a sua protecção, por exemplo, através do uso de luvas e máscaras. Alguns destes técnicos chegam a deixar de executar algumas das suas funções ao longo da carreira, devido ao desenvolvimento de doenças profissionais graves. Por outro lado, existem condicionalismos que trazem algum stress ao seu quotidiano, nomeadamente quando são pressionados pela urgência na entrega de relatórios ou quando trabalham no domínio do exame de fragmentos de cadáveres (tanatologia).
Na Bahia hoje, so há um técnico deste nivel, Vilma Lambert de Carvalho, trabalha com anatomia há 27 anos iniciando na Universidade Estadual de Santa Cruz ( UESC ) – Ilhéus – BA, e á 6 anos nas faculdades: UNIME, FTC, na cidade de Itabuna – BA. Atualmente  gozando de sua lisença preio.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Anatomia na Arte

História  da  Arte  e  ao
período histórico cultural conhecido como Renascimento. Poderia inclusive,
ser  utilizado  no  ensino  de  história  da  arte,  mostrando  que  além  das
largamente conhecidas obras pictóricas de Leonardo como a Última Ceia e
Mona  Lisa,  este  formidável  gênio  também  se  preocupou  com  outras
esferas do conhecimento.
As relações entre os desenhos e os conceitos derivados de Aristóteles e de
Galeno,  adotados  durante  o  Renascimento  e  atualmente  considerados
errôneos  frente  aos  conhecimentos  modernos  de  Fisiologia  e  Anatomia
Humanas, permitem a aprendizagem de forma inovadora e pouco usual. 
Após  conhecer  as  iniciativas  de  Leonardo  e  Vesalius,  o  leitor  tem  a
oportunidade de observar detalhes de seus desenhos anatômicos sempre
acompanhados  de  curiosidades  a  respeito  de  conhecimentos
contemporâneos  e,  através  de  esquemas  e  imagens  didaticamente
selecionadas, aprende detalhes da  fisiologia do sistema a que pertence à
estrutura desenhada por aqueles ilustres artistas-cientistas.
Um personagem como Leonardo da Vinci,  tão conhecido e divulgado nos
mais diversos meios, acaba servindo como estímulo para a aprendizagem
e, embora não sendo um cientista no sentido moderno da palavra, pode-
se  perceber  que muitas  de  suas  descobertas,  não  divulgadas  devido  ao
desconhecimento  de  seus  estudos,  precederam  obras  de  Vesalius  e  de
outros estudiosos mais modernos. O catálogo de Sottani e Castelli (1979)
oferece interessantes exemplos dos desenhos executados por Leonardo.
Obra de Vesalius, foi invertida com a finalidade de
demonstrar sua origem a partir de original de Ticiano (c.1485-1576).
A presença de um crânio isolado nas imagens artísticas ou de uma planta
ressequida  destituída  de  folhas  sugere  a  transitoriedade  da  vida.  Neste
caso,  o  personagem  parece  refletir  sobre  a  morte  futura,  porém,  ele
próprio já morreu. Afinal, trata-se de um esqueleto.
Leonardo  foi um precursor de Vesalius. Em seus desenhos utilizou-se de
proporções  no  corpo  humano  que  até  hoje  são  ensinadas  nas  aulas  de
desenho  e  pintura.  Tais  proporções  obedecem  àquelas  utilizadas  em
pinturas  como  medidas  ideais.  Aliás,  muitas  vezes,  os  pintores
desenhavam  seus  personagens  nus  para,  posteriormente,  vesti-los.  Em
pinturas sacras essa pose suplicante é assumida perante a  figura de um
santo,  da  Virgem  ou  do  próprio  Cristo.  Neste  caso,  o  esqueleto  parece
rogar aos céus, apoiado à pá que o enterrou.
Leonardo detalhava as expressões no limite das possibilidades das feições
humanas  em  diferentes  situações,  preocupando-se  com  a  anatomia  dos
músculos  e  vasos  sangüíneos,  permitindo  transparecer  em  sua  obra
emoções e, por vezes, até sentimentos de extrema violência, como pode
ser observado nesta obra sua copiada por Rubens.

Estudo da Anatomia


A anatomia é a ciência que estuda, macro e microscopicamente a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados; sendo
ainda, uma disciplina da maior importância para as ciências ao futuros profissionais de saúde. O ato de ministrar aulas de Anatomia Humana é maior
que o conjunto de estruturas biológicas que compõem o corpo humano.
Anatomia tem a sua origem do grego antigo ἀνατομή [anatome], "seccionar", é o ramo da biologia no qual se estudam a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto internamente.
Alguns autores usaram este termo incluindo na anatomia igualmente o estudo das funções vitais (respiração, digestão, circulação sanguínea, mecanismos de defesa, etc) para que o organismo viva em equilíbrio (homeostase) com o meio ambiente. Segundo esta definição, mais lata, a anatomia é de certa forma o equivalente à morfofisiologia (do grego morphe, forma + logos, razão, estudo).
A anatomia humana, a anatomia, e vegetal e a anatomia comparada são especializações da anatomia. Na anatomia comparada faz-se o estudo comparativo da estrutura de diferentes animais (ou plantas) com o objetivo de verificar as relações entre eles, o que pode elucidar sobre aspectos da sua evolução.

Para quem estuda ou pretende participar de um curso na área de saúde, seja ele de nível técnico ou superior a disciplina de anatomia humana é uma ferramenta de fundamental importância e até podemos dizer que a considero como a ciência mãe dessa área. Em outras palavras o alicerce do verdadeiro profissional de saúde, não adianta se saber a profissão que escolheu.
Anatomia humana parece ser um desafio para muitos afirmo ainda: parece não, é um desafio real!, um desafio verdadeiro, principalmente para aqueles que estão iniciando seus estudos na área da saúde, mas se for estudada de forma organizada e sistematizada, torna-se uma situação otimizada  para todas as partes envolvidas; docente ministrante da disciplina quanto para o aluno, principalmente quando relacionada a situações práticas como visitas aos laboratórios de anatomia ou aos necrotérios, quando se tratando do curso de medicina.
Nos laboratórios de Anatomia (Humana, animal, vegetal) os manequins e peças anatômicas, réplicas das partes do corpo humano, e vegetais ou mesmo partes reais em soluções conservantes; no necrotério, cadáveres para práticas de dissecação e estudo mais aprofundado. Vale ressaltar, é sempre bom se ter um atlas de anatomia  em mãos, pois eles trazem muitas informações sobre o conhecimento geral da maioria das estruturas que estar sendo abordada. Alguns deles são bem mais específicos e completos, com uma grande quantidade de informações detalhadas mostradas em fotografias ou ilustrações feitas à mão por artistas treinados e outros mais simples por serem utilizados em situações que não exijam tanto aprofundamento em determinadas situações (os de conteúdo mais resumido).
Até mesmo para uma simples aplicação de uma injeção intramuscular, ou uma intubação devemos ter o conhecimento da área de interesse, pois dessa forma saberemos se poderemos possivelmente atingir alguma estrutura como um vaso sanguíneo ou um nervo, por exemplo, e assim, evitar possíveis problemas em nossos procedimentos.
Outro exemplo de situação em que o conhecimento da anatomia humana é importante aplica-se aos profissionais da imaginologia, como os técnicos e tecnólogos em radiologia, e profissionais de níveis superiores que se utiliza deste para diagnostica patologias, precisam ter um conhecimento muito abrangente desta ciência para que eles possam atuar de forma precisa na localização de estruturas e na realização de exames radiológicos. Costuma-se a ser falo pelos grandes profissionais de anatomia que se devem falar anatomia fluentemente; o que não deixa de ser uma verdade que deve ser aceita por todos.
Vamos a uma cobrança maior qual falam que  todos os acadêmico de medicina, enfermagem, fisioterapia e tantos outros estudantes mergulham fundo na disciplina com o intuito de dominar a anatomia e usá-la posteriormente como ferramenta principal nas suas atividades de trabalho cotidianas.
Portanto, anatomia é considerada como um ramo das ciências biológicas que estuda a estrutura e a forma de células, tecidos, órgãos ou sistemas (LOPES, 1994, p 14.) e tenho certeza de que o grego Teofrasto (discípulo de Aristóteles) tido como o mais antigo relator de experiência com dissecação de cadáveres (WIKIPÉDIA.ORG, NOV. 2009.) ficaria feliz em saber que nos, os estudiosos da anatomia possuímos largo conhecimento do corpo humano, fruto de incansável pesquisa e dedicação.

Historia da Anatomia Humana







"Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi
sobre o cadáver desconhecido,
lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas,
cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o agasalhou.
Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens.
Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e
sentiu saudades dos outros que partiram.
Agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer,
sem que tivesse uma só prece.
Seu nome, só Deus sabe.
Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade.
A humanidade que por ele passou indiferente"
(Rokitansky, 1876)






O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais. Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmas, que provavelmente eram figuras baseadas na dissecação animal. No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático. A partir do ano 150 A..C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais. No século II D.C., Galeno dissecou quase tudo, macacos e porcos, aplicando depois os resultados obtidos na anatomia humana, quase sempre corretamente; contudo, alguns erros foram inevitáveis devido à impossibilidade de confirmar os achados em cadáveres humanos. Galeno desenvolveu assim mesmo a doutrina da "causa final", um sistema teológico que requeria que todos os achados confirmassem a fisiologia tal e qual ele a compreendia.

Porém não chegaram até nós as ilustrações anatômicas do período clássico, sendo as "séries de cinco figuras" medievais dos ossos, veias, artérias, órgãos internos e nervos são provavelmente cópias de desenhos anteriores. Invariavelmente, as figuras são representadas numa posição semelhante a de uma rã aberta, para demonstrar os diversos sistemas, às vezes, se agrega uma sexta figura que representa uma mulher grávida e órgãos sexuais masculinos ou femininos. Nos antigos baixos-relevos, camafeus e bronzes aparecem muitas vezes representações de esqueletos e corpos encolhidos cobertos com a pele (chamados lêmures), de caráter mágico ou simbólico mais que esquemático e sem finalidade didática alguma.
Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de "cocção dos ossos". A bula pontifica De sepulturis de Bonifácio VIII (1300), que alguns historiadores acreditaram equivocadamente proibir a dissecção humana, tentava abolir esta prática. O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade infecciosa.


A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa qualidade oposta à prática, as figuras não-realistas e esquemáticas foram suficientes.
O primeiro livro ilustrado com imagens impressas mais do que pintadas foi a obra de Ulrich Boner Der Edelstein. Foi publicada por Albrecht Plister em Banberg depois de 1460 e suas ilustrações foram algo mais que decorações vulgares. Em 1475, Konrad Megenberg publicou seu Buch der Natur, que incluía várias gravuras em madeira representando peixes, pássaros e outros animais, assim como plantas diversas. Essas figuras, igual a muitas outras pertencentes a livros sobre a natureza e enciclopédias desse período, estão dentro da tradição manuscrita e são dificilmente identificáveis.
Dentre os muitos fatores que contribuíram para o desenvolvimento da técnica ilustrativa no começo do século XVI, dois ocuparam lugar destacado: o primeiro foi o final da tradição manuscrita consistente em copiar os antigos desenhos e a conversão da natureza em modelo primário. Chegou-se ao convencimento de que o mais apropriado para o homem era o mundo natural e não a posteridade. O escolasticismo de São Tomás de Aquino havia preparado inadvertidamente o caminho através da separação entre o mundo natural e o sobrenatural, prevalecendo a teologia sobre a ciência natural. O segundo fator que influiu no desenvolvimento da ilustração científica para o ensino foi a lenta instauração de melhores técnicas. No começo os editores, com um critério puramente quantitativo, pensaram que com a imprensa poderiam fazer grande quantidade de reproduções de modo fácil e barato. Só mais tarde reconheceram a importância que cada ilustração fosse idêntica ao original. A capacidade para repetir exatamente reproduções pictórica, daquilo que se observava, constituiu a característica distinta de várias disciplinas científicas, que descartaram seu apoio anterior à tradição e aceitação de uma metodologia, que foi descritiva no princípio e experimental mais tarde.
As primeiras ilustrações anatômicas impressas baseiam-se na tradição manuscrita medieval. O Fasciculus medicinae era uma coleção de textos de autores contemporâneos destinada aos médicos práticos, que alcançou muitas edições. Na primeira (1491) utilizou-se a xilografia pela primeira vez, para figuras anatômicas. As ilustrações representam corpos humanos mostrando os pontos de sangria, e linhas que unem a figura às explicações impressas nas margens. As dissecações foram desenhadas de uma forma primitiva e pouco realista.
Na Segunda edição (1493), as posições das figuras são mais naturais. Os textos de Hieronymous Brunschwig (cerca de 1450-1512) continuaram utilizando ilustrações descritivas. O capítulo final de uma obra de Johannes Peyligk (1474-1522) consiste numa breve anatomia do corpo humano como um todo, mas as onze gravuras de madeira que inclui são algo mais que representações esquemáticas posteriores dos árabes. Na Margarita philosophica de George Reisch (1467-1525), que é uma enciclopédia de todas as ciências, forma colocadas algumas inovações nas tradicionais gravuras em madeira e as vísceras abdominais são representadas de modo realista.
Além desses textos anatômicos destinados especificamente aos estudantes de medicina e aos médicos, foram impressas muitas outras páginas com figuras anatômicas, intituladas não em latim (como todas as obras para médicos), mas sim em várias línguas vulgares. Houve um grande interesse, por exemplo, na concepção e na formação do feto humano. O uso freqüente da frase "conhece-te a ti mesmo" fala da orientação filosófica e essencialmente não médica. A "Dança da Morte" chegou a ser um tema muito popular, sobretudo nos países de língua germânica, após a Peste Negra e surpreendentemente, as representações dos esqueletos e da anatomia humana dos artistas que as desenharam são melhores que as dos anatomistas.
Os artistas renascentistas do século XV se interessavam cada vez mais pelas formas humanas, e o estudo da anatomia fez parte necessária da formação dos artistas jovens, sobretudo no norte da Itália.
Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro artista que considerou a anatomia além do ponto de vista meramente pictórico. Fez preparações que logo desenhou, das quais são conservadas mais de 750, e representam o esqueleto, os músculos, os nervos e os vasos. As ilustrações foram completadas muitas vezes com anotações do tipo fisiológico. A precisão de Leonardo é maior que a de Vesalio e sua beleza artística permanece inalterada. Sua valorização correta da curvatura da coluna vertebral ficou esquecida durante mais de cem anos. Representou corretamente a posição do fetus in utero e foi o primeiro a assinalar algumas estruturas anatômicas conhecidas. Só uns poucos contemporâneos viram seus folhetos que, sem dúvida, não foram publicados até o final do século passado.
Michelangelo Buonarotti (1475-1564) passou pelo menos vinte anos adquirindo conhecimentos anatômicos através das dissecações que praticava pessoalmente, sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença. Posteriormente expôs a evolução a que esteve sujeito, ao considerar a anatomia pouco útil para o artista até pensar que encerrava um interesse por si mesma, ainda que sempre subordinada à arte.
Albrecht Dürer (1471-1528) escreveu obras de matemática, destilação, hidráulica e anatomia. Seu tratado sobre as proporções do corpo humano foi publicado após sua morte. Sua preocupação pela anatomia humana era inteiramente estética, derivando em último extremo um interesse pelos cânones clássicos, através dos quais podia adquirir-se a beleza.
Com a importante exceção de Leonardo, cujos desenhos não estiveram ao alcance dos anatomistas do século XVII, o artista do Renascimento era anatomista só de maneira secundária. Ainda foram feitas importantes contribuições na representação realista da forma humana (como o uso da perspectiva e do sombreado para sugerir profundidade e tridimensionalidade), e os verdadeiros avanços científicos exigiam a colaboração de anatomistas profissionais e de artistas. Quando os anatomistas puderam representar de modo realista os conhecimentos anatômicos corretos, se iniciou em toda Europa um período de intensa investigação, sobretudo no norte da Itália e no sul da Alemanha. O melhor representante deste grupo é Jacob Berengario da Capri (+1530), autor dos Commentaria super anatomica mundini (1521), que contém as primeiras ilustrações anatômicas tomadas do natural. Em 1536, Cratander publicou em Basiléia uma edição das obras de Galeno, que incluía figuras, especialmente de osteologia, feitas de um modo muito realista. A partir de uma data tão cedo como 1532, Charles Estienne preparou em Paris uma obra em que ressaltava a completa representação pictórica do corpo humano.





VESÁLIO





Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corpori, fabricada em 1553, um dos livros mais importantes da história do homem. Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos. Relatou sua surpresa ao encontrar inúmeros erros nas obras de Galeno, e temos que ressaltar a importância de sua negativa em aceitar algo só por tê-lo encontrado nos escritos do grande médico grego. Sem dúvida, apesar de ter desmentido a existência dos orifícios que Galeno afirmava existir comunicando as cavidades cardíacas, foi de todas as maneiras um seguidor da fisiologia galênica. Foram engrandecidas as diferenças que separavam seu conhecimento anatômico do de Galeno, começando pelo próprio Vesálio.

Talvez pensasse que uma polêmica era um modo de chamar atenção. Manteve depois uma disputa acirrada com seu mestre Jacques du Bois (ou Sylvius, na forma latina), que foi um convencido galenista cuja única resposta, ante as diferenças entre algumas estruturas tal como eram vistas por Vesálio e como as havia descrito Galeno, foi que a humanidade devia tê-lo mudado durante esses dois séculos.
Vesálio tinha atribuído o traçado das primeiras figuras a um certo Fleming, mas na Fabrica não confiou em ninguém, e a identidade do artista ou artistas que colaboraram na sua obra tem sido objeto de grande controvérsia, que se acentuou ante a questão de quem é mais importante, se o artista ou o anatomista. Essa última foi uma discussão não pertinente, já que é óbvio que as ilustrações são importantes precisamente porque juntam uma combinação de arte e ciência, uma colaboração entre o artista e o anatomista. As figuras da Fabrica implicam em tantos conhecimentos anatômicos que forçosamente Vesálio devia participar na preparação dos desenhos, ainda que o grau de refinamento e do conhecimento de técnicas novas de desenho, também para os artistas do Renascimento, excluem também que fora o único responsável. Até hoje é discutido se Jan Stephan van Calcar (1499-1456/50), que fez as primeiras figuras e trabalhou no estúdio de Ticiano na vizinha Veneza, era o artista. De qualquer maneira, havia-se encontrado uma solução na busca de uma expressão pictórica adequada aos fenômenos naturais.
No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar.
Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e comum idéia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida, continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu as características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton. Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa (exócrinas), que descarregam nas cavidades.
Niels Steenson, em 1611, estabeleceu a diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de glândula apesar de não fazer parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinham do cérebro. A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica referentes à produção de sangue.





Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de comida o peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilares quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o coração para produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, demonstrou que o sangue nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta transformação. A explicação da função respiratória levou muitos anos, mas durante o século XVII foram dados passos importantes para seu esclarecimento.
Robert Hook (1635-1703) demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se inflássemos ar nos pulmões.
Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o venoso, a qual se devia ao constato com o ar dos pulmões.
John Mayow (1640-1679) afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era mais que um intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito nitroaéreo e ganhava os vapores produzidos pelo sangue.
Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo de surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da imaginação.
A partir de então, o desenvolvimento da anatomia acelerou-se. Berengario da Carpi estudou o apêndice e o timo, e Bartolomeu Eustáquio os canais auditivos. A nova anatomia do Renascimento exigiu a revisão da ciência. O inglês William Harvey, educado em Pádua, combinou a tradição anatômica italiana com a ciência experimental que nascia na Inglaterra. Seu livro a respeito, publicado em 1628, trata de anatomia e fisiologia. Ao lado de problemas de dissecação e descrição de órgãos isolados, estuda a mecânica da circulação do sangue, comparando o corpo humano a uma máquina hidráulica. O aperfeiçoamento do microscópio (por Leeuwenhoek) ajudou Marcello Malpighi a provar a teoria de Harvey, sobre a circulação do sangue, e também a descobrir a estrutura mais íntima de muitos órgãos. Introduzia-se, assim, o estudo microscópico da anatomia. Gabriele Aselli punha em evidência os vasos linfáticos; Bernardino Genga falava, então, em “anatomia cirúrgica”.
Nos séculos XVIII e XIX, o estudo cada vês pormenorizado das técnicas operatórias levou à subdivisão da anatomia, dando-se muita importância à anatomia topográfica. O estudo anatômico-clínico do cadáver, como meio mais seguro de estudar as alterações provocadas pela doença, foi introduzido por Giovan Battista Morgani. Surgia a anatomia patológica, que permitiu grandes descobertas no campo da patologia celular, por Rudolf Virchow, e dos agentes responsáveis por doenças infecciosas, por Pasteur e Koch.
Recentemente, a anatomia tornou-se submicroscópica. A fisiologia, a bioquímica, a microscopia eletônica e positrônica, as técnicas de difração com raios X, aplicadas ao estudo das células, estão descrevendo suas estruturas íntimas em nível molecular.
Hoje em dia há a possibilidade de estudar anatomia mesmo em pessoas vivas, através de técnicas de imagem como a radiografia, a endoscopia, a angiografia, a tomografia axial computadorizada, a tomografia por emissão de positrões, a imagem de ressonância magnética nuclear, a ecografia, a termografia e outras.

O verbo "dissecar" era usado também para descrever a operação cesariana cada vez mais freqüente. A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros, tanto de conceito como de técnica. As coisas "eram vistas" tal qual os antigos e as ilustrações realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo.