segunda-feira, 16 de maio de 2011

Aulas de anatomia não evoluem há meio século


Sem avanços há meio século
Até o final da década de 1950, as aulas de anatomia humana, obrigatórias em diversos cursos da área de saúde nas universidades brasileiras, eram do tipo magnas: o contato com o material de estudo por parte dos alunos se dava por meio da observação do professor, que dissecava os cadáveres e explicava o assunto a ser abordado.
A partir da década seguinte, a noção de que os alunos deveriam eles mesmos dissecar, orientados pelos professores assistentes e por monitores, começou a ser introduzida na disciplina, a fim de facilitar e melhorar a qualidade do aprendizado.
No entanto, após essas alterações ocorridas na metodologia das aulas práticas nesse período, nenhuma mudança significativa no ensino foi percebida até os dias de hoje. Isso é o que conta o médico Marco Aurélio Montes em sua tese em ensino de biociências e saúde, defendida no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Práticas no ensino de anatomia humana
"A agregação de recursos audiovisuais e de informática, que num primeiro momento poderiam ser apresentados como inovações, não trouxeram alterações substantivas e parecem estar, ainda que numa análise superficial e pessoal, contribuindo para o retorno das aulas magistrais, já que, pela qualidade das imagens e/ou modelos que produzem, estão sendo a alternativa mais viável para a atual dificuldade de obtenção dos cadáveres para os laboratórios de anatomia", afirma Montes. "É preciso garantir que o avanço do conhecimento científico na área caminhe paralelamente à melhoria de qualidade do processo educativo".
Com o objetivo de refletir sobre as práticas de ensino sobre anatomia humana, o pesquisador consultou, ao todo, a opinião 200 estudantes de graduação de cursos da área de saúde de duas universidades do Estado do Rio de Janeiro sobre suas experiências com a disciplina. O trabalho de Montes é composto, além de uma extensa introdução sobre a história do ensino da anatomia humana, por cinco artigos. O primeiro aborda a insatisfação de professores com o desempenho dos alunos e a busca pela criação de uma estratégia que pudesse minimizar as deficiências no ensino, que contribuem para o aumento da taxa de abandono da disciplina e dos índices de reprovação.
No segundo artigo, o pesquisador quantifica esses índices de reprovação e tenta identificar possíveis causas para o desempenho ruim dos estudantes. O terceiro descreve uma experiência conjunta entre alunos e professores em uma feira de ciências voltada para uma comunidade. O artigo seguinte aponta, segundo os estudantes, quais são as principais causas e fatores que poderiam estar influenciando a relação ensino-aprendizagem. No último artigo, o pesquisador conta como se deu a construção de uma disciplina de anatomia a partir da observação das sugestões e opiniões dadas pelos estudantes participantes da pesquisa.

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